O CINEMA ALTERNATIVO CARIOCA, como minha geração de realizadores passou a ser conhecida pelos historiadores do Cinema Brasileiro, é uma pesquisa que realizei com um grupo de alunos entre 2002 e 2006, quando era professor no Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense, e que agora, com a parceria de Rodrigo Moraes, também egresso do Departamento, colocamos à disposição dos interessados. “Alternativo” pelas opções cinematográficas e existenciais desses cineastas, e pelo fato de grande parte de sua produção constituir-se de curtas-metragens, um mercado alternativo no final dos anos 1970 com a Lei do Curta, que atrelava um curta brasileiro em cada programa com longas-metragens estrangeiros nos cinemas nacionais. O CINEMA ALTERNATIVO não foi um “movimento cinematográfico”, com manifestos expressando uma unidade ideológica e estética entre seus participantes, mas uma “movimentação cinematográfica”,
composto por realizadores de várias tendências e de vários estados brasileiros, aproximados geracionalmente e pela cidade do Rio de Janeiro. Quinze realizadores foram entrevistados pelo projeto entre os que foram pesquisados, tendo eles todos em comum: 1. ter surgido nos festivais de cinema amador que se iniciam, como uma fresta num ambiente marcado por censura e repressão, logo depois do Golpe Militar de 1964, e 2. ter pertencido e atuado na Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro, e/ou na Corcina – Cooperativa dos Realizadores Cinematográficos Autônomos, e/ou na ABD – Associação Brasileira de Documentaristas – ou em todas elas. Mesmo tendo nós dois buscado agora padronizar e complementar o trabalho dos pesquisadores, o resultado ainda tem falhas e lacunas, mas o consideramos um tesouro de informações organizadas sobre um interessantíssimo universo pouco pesquisado do Cinema Brasileiro.
Roberto Moura