Nilton Nunes, ainda amador, realiza seu primeiro filme, Neblina, para o festival JB de 1968. A partir daí além de desenvolver uma vasta filmografia como diretor, fotógrafo e produtor, sócio da Lente Filmes, tem uma participação ativa nas lutas dos realizadores de curta-metragem por um espaço no mercado, como em defesa dos filmes brasileiros frente a hegemonia do cinema estrangeiro no circuito nacional. É presidente da ABD na gestão de 1978, quando consegue a regulamentação da Lei do Curta que, na virada dos anos 1980, coloca curtas-metragens brasileiros todos os programas com filmes estrangeiros. Dirige o premiado Leucemia, filme crucial no momento de redemocratização do país, realiza uma série de filmes com sua mulher, a antropóloga, entre eles o média-metragem Daime Santa Maria, como divide a direção com José Celso Martines do longa-metragem O Rei da Vela.

Filmografia

. Neblina, curta-metragem, 1968: uma alegoria sobre o Brasil em tempos de ditadura. Filmado em Santa Teresa, inicialmente mostra uma jovem que caminha por um lugar deserto em ruínas. O aspecto alegórico do filme dá lugar a uma colocação direta, literal, em seu fim quando a jovem chega a um casarão, à primeira vista abandonado, e encontra outros jovens protestando, erguendo cartazes, contra o regime militar.

. P. R., curta-metragem, 1970: sobre o Projeto Rondon.

. Geomorfologia, curta-metragem, 1970

. Cidades Históricas, curta-metragem, 1971

. Judas Asverus, curta-metragem, 1971: a partir do conto Judas Asverus de Euclides da Cunha (a malhação do judas às margens de um rio – o boneco de palha, roupas velhas, é colocado numa pequena canoa recebendo tiros e pedradas da população ribeirinha) traçou-se um paralelo com a história da fundação, desenvolvimento e fracasso da tentativa da Ford Motors em construir uma cidade no molde das cidades industriais americanas, em plena selva amazônica, para extração e cultivo da seringueira” Filmado na cidade paraense de Fordlândia, fundada para abastecer as indústrias de borracha da Ford.

. Valença, curta-metragem, 1971

. Teresópolis, curta-metragem, 1971

. Telecentro, curta-metragem, 1972

. Como nos defendermos das doenças, curta-metragem, 1974

. A fábula da festa no céu, curta-metragem, 1975

. UFRJ, curta-metragem, 1975

. Fronape, curta-metragem, 1975

. Leila Fox, curta-metragem, 1976: documentário sobre a vida dupla de uma professora de escola primária do bairro da Pavuna, subúrbio do Rio de Janeiro que à noite se transforma numa vedete de teatro rebolado trabalhando na peça Rebubu no Bobóbó, com Colé, no Teatro Carlos Gomes na Praça Tiradentes.

. Leucemia, curta-metragem, 1978: baseado em depoimento de Maria Helena Moreira Alves, irmã do ex-deputado federal Márcio Moreira Alves, pivô da crise política que gerou o AI-5, sobre o caso de um casal de exilados em portugal, que lhe pede para levar seu filho ao Brasil, para os avós, já que não têm mais condição de cuidarem da criança num país estranho e com a doença da mulher – Leucemia.

. Anii, curta-metragem, 1979

. O Rei da Vela, longa-metragem. Direção: José Celso Matinez Correa e Noilton Nunes. Argumento: Oswald de Andrade, Jo­sé Celso Martinez Correa, Noilton Nunes e Carlos AI­berto Egbert. Roteiro: José Celso Martinez Correa, Noil­ton Nunes e Carlos Alberto Egbert. Fotografia e Câmera: Carlos Alberto Egbert, Rogério Noel e outros. Cenogra­fia e Figurinos: Helio Eichbauer: Montagem: Noilton Nunes e Nazareth Ohana. Música: Edgar Ferreira, Su­rubim, Caetano Veloso e outros. Som: Riva e Roberto Leite. Elenco: Renato Borgi, José Wilker, Esther Góes, Henriqueta Brieba, Carlos Gregório, Claudio Mac Do­well, Tessy Callado. Produção: 5.° Tempo Produções Ar­tísticas e Culturais Ltda. Distribuição: Embrafilme. Du­ração: 2h40: 1982.

. Abra a Jaula, curta-metragem, 1982

. Caderneta de Campo, curta-metragem, 1983

. Daime Santa Maria, média-metragem, Direção – Noiton Nunes e Gigi Abreu, Pesquisa – Verá Fróes e Fernando La Roque, Fotografia – Saulo Petean, Marcelo Serra e Cida da Costa, Edição – Carlos Tourinho, Produtor – Uzyna e Funarte, vídeo Umatic, 45’, 1984: Em finais de 82 o ministério da Justiça nomeou uma Comissão de Inquérito para investigar o uso de algumas ervas por uma comunidade religiosa no Seringal Rio de Ouro no Amazonas. Etno-vídeo gravamos o trabalho dessa comissão. Daime Santa Maria contextualiza o uso do Daime e da Santa Maria dando especial ênfase e relacionando essas ervas ao universo cultural em que são utilizadas.

. Alimento há muito o sonho de uma viagem ao Acre, curta-metragem, 1985

. Euclidianas Opus 3, curta-metragem, 1985

. Histórias do Cotidiano, curta-metragem, com Henriqueta Brieba e Mariana de Moraes, 1988: uma avó conta para a sua neta suas lembranças afetivas e a história do século XX, no Brasil, vai saindo de dentro dos baús.

Entrevista 2004

Imprensa

Transcrição da entrevista