Pompeu, mais um dos realizadores que começa fazendo filmes para o Festival de Curtas-Metragens do Jornal do Brasil, é um dos fundadores da Corcina, onde produz seus primeiros filmes, sempre vanguardistas, como espectador, que era, de Godard e leitor de Cortazar. Também participa dos primeiros anos da ABD. Seu trabalho vai se distinguir pela sofisticação e pela qualidade de realização, muitas vezes tematizando relações de um casal moderno – quase todos os seus filmes mostram um casal em crise – quando o ator Eduardo Machado trabalharia muitas vezes com ele, eventualmente funcionando como um alter-ego. Faz filmes com roteiros fechados, dada a importância do som em sua obra. Em relação à imagem, opta por planos fechados, “com peso”, quando a banda sonora se torna responsável pela construção de um espaço fora de quadro. Ele nunca usa mais de três atores e quase não filma externas, variando muito pouco os cenários de seus filmes. Não é à toa que, mesmo em um ambiente marcado pela diferença estética, o Pompeu seja sempre citado como exceção pelos outros realizadores do nosso universo alternativo. Em 1983 funda a produtora “Cassandra Filmes” e começa a produzir “Elisa / Crônica de uma Derrocada”, o primeiro longa brasileiro independente de ficção realizado em vídeo, e realizaria muitos outros na década de 1990.
Filmografia
. Quebra-cabeça, curta-metragem, 90’’, ficção, 16mm, filme com 3 planos, cada um de 30 segundos: começa com um vazio e termina no vazio. O tema central de Pompeu: o mal-estar social. Feito para o Festival JB de 1969.
. Variações sobre um tema, curta-metragem, 15’, ficção, 35mm, 1978. “É uma descida aos infernos. Ele começa numa situação ‘de cima’, você vê que ele desce a escada e a coisa vai sempre fechando, fechando, fechando, fechando, acaba dentro de um quarto. Com a Denise em cima daquela cama em uma desordem total, com tudo derramado, aquilo tudo… Então, enquanto a imagem fecha, você sai daquela coisa in natura com planta, natureza, som de pássaros etc. aquilo tudo vai fechando pra dentro de casa. É quando chega aí que o horror vai aumentando, aumentando, que tem aquela caixinha de fósforos no chão… Quanto mais a imagem fecha, é o som que abre, o que liga é o som. Eu tenho a seguinte idéia: o som é 51% do filme.[1]” Com Denize Bandeira e Eduardo Machado.
. Duas Histórias para crianças, curta-metragem, 9’, ficção, 35mm, 1978, o filme tem duas partes, a primeira mostra alguns planos dos bastidores da filmagem com comentários da equipe em off, na segunda Louise conta, para a câmera, duas estórias para crianças. Com Louise Cardoso.
. Babilônia Revisitada, curta-metragem, ficção, 35mm, 1980, o fim de um casal. Roteiro do autor e de Lucio Aguiar, fotografia de José Joffily, som Silvio Da-Rin, com Louise Cardoso e Eduardo Machado.
. Observatório, média-metragem, ficção, 35’, 1982, a relação de um casal. Com Eduardo Machado e Nina de Pádua.
. Elisa – crônica de uma derrocada, longa-metragem, 180’, ficção, U-Matic, 1984, em um apartamento um casal espera uma terceira pessoa que não vem – é um tratado sobre a espera, sendo dividido em 5 atos: agonia, reflexão, racionalização, desespero e derrocada. Fotografia Walter Carvalho, com Monique Alves e Mayara Norbin (que interpreta um homem). É o primeiro longa brasileiro independente de ficção realizado em vídeo, tendo 3 horas de duração. Estreia no Fest Rio de 1984.
. Paixão, longa-metragem, ficção, vídeo U-Matic, 1986, a separação de um casal. Fotografia Walter Carvalho. Com Eduardo Machado e Iza do Eirado.
. Luzes de Outono, ficção, 1991.
. Zero, ficção, 1993.
. Noturno, ficção, 1995.
. Improviso nº 3, 1999.