Nascido em Vitória ao lado de uma lata de cinema, pois seu pai, cineasta amador, foi o autor do primeiro registro cinematográfico da cidade em 1939, Ramon abandona o 1º ano da Escola de Filosofia na capital do Espírito Santo pelo cinema, atraído, junto a um grupo de amigos com quem fundara um cine-clube, pelas notícias que chegavam do Rio de Janeiro do Festival JB/Mesbla de Curtas-Metragens. Reunidos, fazem uma série de 12 filmes experimentais – todos fotografados por Ramon -, mudos e depois sonoros, em 16mm, tendo ele dirigido o primeiro filme ficcional capixaba, Indecisão. Encorajado pelo prêmio de Diretor de Fotografia no Festival, ganho com Veia Partida (direção Antonio Carlos Neves), vem para o Rio onde se profissionaliza. Como muitos de nós, funda uma firma individual, onde dirigiria Brincadeira dos velhos tempos, tomando a pipa como um símbolo de resistência da cultura popular, e Floresta da Tijuca, pioneiramente tratando de ecologia, revelando o processo de devastação das áreas verdes do Rio. Participante da Associação Brasileira de Documentaristas, é um dos principais fotógrafos desse “cinema alternativo” que se constrói com as possibilidades abertas pela Lei do Curta, e no Rio desenvolve uma longa carreira profissional como fotógrafo e produtor. Torna-se num parceiro imprescindível pela qualidade de seu trabalho e por sua correção profissional, e notabiliza-se por sua extraordinária capacidade de lidar com o equipamento cinematográfico, revelando-se mesmo um inventor, criando diversas soluções próprias, como um modelo de refletor portátil (Sun Gun) fabricado artesanalmente, soluções que são depois disseminadas entre muitas equipes.

Filmografia

. Indecisão, curta-metragem, documentário, 16mm, mudo, enfoque sobre a ambiguidade ideológica da classe média, quando uma “moça de família” se vê no centro de um triângulo amoroso entre um burguês e um operário. Ramon dirige, fotografa e produz. Com Cláudio Antônio Lachinni, Luis Manoel Nalim e Miriam Calmon.

. Festa da Penha, curta-metragem, documentário, 16mm, Ramon dirige, fotografa e produz.

. O Pêndulo, documentário de curta-metragem, Ramon Alvarado diretor, diretor de fotografia e produtor, 16mm, 1967.

. O mastro do Bino Santo () – documentário de curta-metragem, Ramon dirige, fotografa e produz, 1970. Participa do X Festival de Brasília.

. A puxada do mastro de São Benedito, curta-metragem, documentário, 35 mm, som direto, cor, 1971. Ramon dirige, fotografa e produz.

. Brincadeira dos velhos tempos, curta-metragem, 11’, documentário, 35mm, Eastmancolor, 1977, sobre o brinquedo popular conhecido por pipa, papagaio, pandorga, cangula, guinador, cafifa, estrela, lançadeira, quadrada ou raia. Através de uma visão histórica, o filme destaca também a contribuição desse brinquedo que vem da China antes de Cristo, passando pela Grécia e a Europa medieval até sua difusão universal às diversas áreas da cultura como na ciência, na tecnologia e no esporte. É apresentada variada ilustração iconográfica (Benjamim Franklin empinando uma pipa para mostrar a natureza elétrica do raio; um tipo de papagaio chamado caixote, no qual Santos Dumont se inspirou para construir o 14-bis, entre outras) e a obra de músicos, poetas, escritores e pintores como Villa Lobos, Eugênio Gomes, Lawrence Durrel e Portinari que se inspiraram na pipa para suas criações estéticas. Relacionado com o nosso folclore, o filme apresenta uma tomada de posição em favor das pipas e poderia ser definido como uma sociologia do brinquedo, mostrando seus aspectos de fator de integração social (para as crianças), seu valor econômico (para as pessoas marginalizadas que o vendem nos lugares públicos), sua função relaxadora das tensões psíquicas e seu conflito com as tendências atuais da sociedade, onde sofre a ação desestimuladora por parte das companhias de energia elétrica.: Ramon escreve o roteiro, dirige, fotografa e monta, assistente de Direção: Alberto Silva, seleção musical: Rubem Azeredo, canções: O Papagaio do Moleque (Villa Lobos), Pandorga, Papagaio, Pipa (Armando Cavalcânti), narração: Maria Aparecida Azeredo, som: Jorge Madureira, gerente de Produção: Rubem Azeredo, produtores associados: Wilson Cardoso, Marcelo de Mendonça Pinto, André Vasconcellos, produção: Ramon Alvarado, Rossana Ghessa. distribuição: EMBRAFILME, censura: Livre. O filme foi selecionado para o Festival de Gramado de 1978.

. Os votos do Frei Palácios, curta-metragem, documentário, 1979. Ramon Alvarado Eastmancolor produz, dirige e fotografa. 

. Floresta da Tijuca, curta-metragem, documentário, 1980, sobre ecologia, mostrando o processo de devastação das áreas verdes no Rio de Janeiro pela urbanização indiscriminada e até clandestina, que vai destruindo as florestas, trazendo a história esquecida da Floresta da Tijuca, um trabalho de arqueologia histórica. Ramon Alvarado dirige, fotografa e produz.

. O espaço da liberdade, Vilma Noel (1986) – documentário de curta-metragem sobre a escultora mineira. Ramon Alvarado diretor, diretor de fotografia e produtor.

Entrevista 09/05/2005

Imprensa

Transcrição da entrevista

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